segunda-feira, 18 de agosto de 2014

AERONAVES E MOTORES -> Capítulo XII - CARBURAÇÃO E INJEÇÃO -- Parte 1/2



CAPÍTULO XII

CARBURAÇÃO E INJEÇÃO


Parte 1/2



CARBURADOR 

A unidade de formação de mistura mais simples é o carburador. Basicamente serve para controlar a quantidade de ar e dosar a gasolina na proporção correta e portanto selecionar a fase operacional (marcha lenta, decolagem, cruzeiro, etc) desejada para o piloto. Se a mistura formada não for adequada, o motor pode parar por falta de gasolina ou então por afogamento, isto é, excesso de gasolina.


Imagem 1


CONTROLE DE POTÊNCIA

A manete de potência está ligada diretamente à borboleta do carburador. Quando a manete é empurrada toda para a frente, a borboleta estará totalmente aberta, permitindo ao motor aspirar a máxima quantidade de ar. Quando a manete está na posição de marcha lenta, a borboleta ficará quase toda fechada.

Este mecânico de borboleta é utilizado para controlar o fluxo de ar de admissão em todos os sistemas de formação de mistura, seja ela a carburação, a injeção indireta ou a injeção direta. O controle do fluxo de gasolina, porém, varia conforme o sistema.

Neste capítulo estudaremos primeiramente o carburador de nível constante ou de sucção ou de pressão diferencial, e depois o carburador de injeção.


PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO CARBURADOR

O elemento básico do carburador é o tubo de Venturi, o qual possui um estrangulamento onde o fluxo de ar torna-se mais veloz, diminuindo a pressão estática. A sucção resultante faz a gasolina subir pelo pulverizador ou injetor, misturando-se com o ar sob forma pulverizada. Essa gasolina deve chegar aos cilindros sob forma gasosa.

O nível de gasolina dentro da cuba é mantido constante através de um sistema de boia semelhante ao das caixas de água residenciais. O funcionamento deste carburador baseia-se, portanto, na diferença de pressão existente entre a cuba de nível constante e o tubo de Venturi.


Imagem 2


GICLEUR ou GIGLÊ

É um orifício calibrado que serve para dosar a quantidade de gasolina que sai do pulverizador principal (chama-se "principal" para distingui-lo do pulverizador de marcha lenta, que veremos no próximo item). Quanto menor o diâmetro do orifício, mais pobre será a mistura. Esse diâmetro é fixo e determinado pelo fabricante do motor.


Imagem 3


MARCHA LENTA

Quando a borboleta está na posição de marcha lenta, o fluxo de ar no tubo de Venturi diminui e a gasolina deixa de ser aspirada pelo pulverizador principal. No lugar deste, entra em ação o pulverizador de marcha lenta, o qual aproveita a sucção formada entre a borboleta e a parede do tubo.

A abertura da borboleta e o orifício de dosagem da gasolina podem ser ajustados no solo pelo mecânico. Esse ajuste faz parte do serviço de regulagem do motor, que veremos também no capítulo referente ao sistema de ignição.


ACELERAÇÃO

Quando o motor é acelerado, o fluxo de ar aumenta, mas a gasolina sofre um retardo ao subir pelo pulverizador e chegar ao tubo de Venturi. Para compensar esse retardo, o carburador possui uma bomba de aceleração, cujo pistão injeta uma pequena quantidade adicional de gasolina no instante em que a borboleta é aberta.


VÁLVULA ECONOMIZADORA

Quando a borboleta está a posição de potência máxima, abre-se uma válvula economizadora, fazendo passar mais gasolina para o pulverizador. A mistura torna-se rica (10:1, conforme vimos). Reduzindo a potência para máxima contínua, a válvula fecha-se um pouco, e a mistura empobrece para 12,5:1. Se a potência for reduzida para cruzeiro, a válvula economizadora fecha-se totalmente, tornando a mistura pobre (16:1).

INFLUÊNCIA DA ATMOSFERA

A mistura torna-se rica quando a densidade do ar diminui. A diminuição da densidade pode ser consequência de:


  • redução da pressão atmosférica devido à altitude ou por razões meteorológicas;
  • aumento da temperatura;
  • aumento da umidade do ar;


CORRETOR ALTIMÉTRICO

Já vimos anteriormente que a mistura precisa ser empobrecida à medida que a altitude aumenta. Isso é feito pelo corretor altimétrico (geralmente uma válvula), que é acionado pela manete de mistura e serve para corrigir a mistura e para o motor. A figura abaixo (Imagem 4) mostra um exemplo típico, mas existem corretores altimétricos de mais variados tipos, inclusive automático, que dispensam a atenção do piloto.

Imagem 4


DEFICIÊNCIA DO CARBURADOR

Apesar de ser muito utilizado, o carburador possui várias deficiências, tais como a distribuição desigual da mistura aos cilindros e a possibilidade de formação de gelo no tubo de Venturi.


Imagem 5

A gasolina proveniente do carburador pode ainda voltar ao estado líquido no tubo de admissão, empobrecendo a mistura, e os movimentos do avião balançam a gasolina na cuba, causando variações na mistura.


SINTOMAS DE FORMAÇÃO DE GELO

Os principais sintomas são:


  • Queda de rotação do motor, por que o gelo bloqueia a passagem da mistura no carburador, agindo como se a borboleta estivesse sendo fechada.
  • Queda na pressão de admissão, pela mesma razão, Se o avião possuir manômetro de admissão, isso pode ser constatado facilmente.
  • Funcionamento irregular do motor ou retorno de chama, se o gelo bloquear a saída do pulverizador, empobrecendo a mistura.

NOTA: Os sintomas acima podem surgir mesmo em dias não muito frios, pois a vaporização da gasolina pode fazer a temperatura cair abaixo de zero graus Celsius no tubo de Venturi, congelando a água presente no ar admitido (não e a gasolina que se transforma em gelo e sim a água). Geralmente a formação de gelo ocorre quando o avião está descendo, com o motor funcionando em marcha lenta durante muito tempo. Para evitá-la, o piloto deve acionar o sistema de aquecimento do ar e acelerar periodicamente o motor para "limpar" o carburador do eventual acúmulo de gasolina e água condensada.

ELIMINAÇÃO DO GELO

Para eliminar o gelo, é necessário aquecer o ar de admissão. O aquecimento provocado por um retorno de chama, por exemplo, favorece a eliminação do gelo. Todavia, o degelo deve ser feito por um dispositivo de aquecimento do ar de admissão, geralmente acionado por uma alavanca no painel. Esse sistema, que utiliza o calor dos gases de escapamento, já foi estudado anteriormente (Sistema de Indução)






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