segunda-feira, 14 de julho de 2014

AERODINÂMICA E TEORIA DE VOO -> Capítulo XIII - Voo em Curva



CAPÍTULO 13 

VOO EM CURVA


Antes de estudar o mecanismo da curva de um avião, estudaremos o movimento de uma bola de chumbo pendurada em um cabo de aço, em movimento circular.

Existem unicamente duas forças atuando sobre a bola:

  1. O peso da bola;
  2. A tração do cabo;

Imagem 1


O mecanismo da curva de um avião é idêntico. Porém com não existe nenhum cabo de aço, o piloto deve providenciar a força que substitua a tração produzida pelo mesmo.

Isso é conseguido inclinando as asas do avião e aumentando o ângulo de ataque, a fim de produzir uma sustentação igual à tração do cabo de aço.

Imagem 2

A força de sustentação em uma curva deve ser maior que o peso do avião. De fato, a sustentação pode ser dividida em dois componentes:

  • Componente Vertical (-W), que deve ser obrigatoriamente igual ao peso, o que só é possível se a sustentação for maior que o peso.
  • Componente Horizontal (Fc), denominada Força Centrípeta.

Imagem 3


A força centrípeta aumenta com o peso e a velocidade, e diminui quando o raio da curva aumenta.

Isso pode ser compreendido melhor raciocinando com o exemplo do trenó motorizado da figura abaixo (Imagem 4).


Imagem 4



O ângulo de inclinação aumenta quando a velocidade aumenta.

Imagem 5

O ângulo de inclinação diminui quando o raio da curva aumenta.

Imagem 6

NOTA IMPORTANTE: O ângulo de inclinação não depende do peso. O avião pesado deve voar com mais potência e maior ângulo de ataque, mantendo a mesma inclinação do avião leve.


Quanto mais inclinada a curva, maior deve ser a sustentação, a fim a garantir uma componente vertical (-W) igual ao peso do avião.

Para isso o piloto deve manter o manche puxado (cabrado) durante a curva.

Como exemplo, numa curva inclinada de 60º a sustentação é igual ao dobro do peso.

Dizemos então que o fator de carga (que será definido no próximo capítulo) é igual a "2G", indicando uma aceleração duas vezes maior que a da gravidade.


Imagem 7
Um avião não poder fazer curvas inclinadas além de um determinado limite, pois a sustentação necessária estaria além das suas possibilidades.

A figura abaixo (Imagem 8) mostra a desproporção entre a sustentação e o peso:

Imagem 8
Podemos então concluir que uma curva com inclinação de 90º é impossível, porque a sustentação teria que ser infinitamente grande.


Até o momento, viemos supondo que as curvas são bem coordenadas, feitas por pilotos experientes.

O erros de pilotagem mais comuns no voo em curva são os seguintes:

Glissada - É provocada por uma inclinação exagerada das asas. O componente vertical da sustentação é insuficiente para suportar o peso do avião, o qual escorrega par dentro da curva perdendo altitude.


Imagem 9

Derrapagem - É causada pela inclinação insuficiente das asas devido à força centrípeta insuficiente, o avião derrapa para fora da curva pretendida.

A derrapagem acontece também quando se pisa em um dos pedais do leme de direção sem antes inclinar as asas.


Imagem 10

RAIO LIMITE

Para voar em curva, o piloto deverá aumentar a sustentação do avião. Com isso, ele aumentará também o arrasto.

Esse é o motivo do por que a potência deve ser aumentada à medida que o raio diminui.

O menor raio possível é chamado de raio limite, para o qual a potência aplicada é máxima.


Imagem 11
A figura abaixo (Imagem 12) mostra um avião em três altitudes diferentes.

Ao nível do mar, o ar é denso, e por isso o motor tem muita potência e o avião sustenta-se facilmente no ar.

A curva pode ser então bem fechada, e o raio limite é o mínimo.

Aumentando a altitude, o ar ficará cada vez mais rarefeito. Como resultado a potência do motor diminuirá e o avião necessitará de potência cada vez maior para voar.


Consequentemente o raio limite irá aumentar até que, quando atingir o teto absoluto, o avião mal conseguirá manter o voo nivelado, ficando assim totalmente incapaz de executar curvas.



Imagem 12


COMANDOS DE VOO EM CURVA

Para iniciar uma curva, o piloto deverá:


  • Comandar os ailerons, para inclinar as asas;
  • Aplicar pedal no mesmo sentido da curva, para corrigir a guinada adversa;
  • Puxar o manche, para aumentar a sustentação;
  • Aumentar a potência do motor, para compensar o aumento do arrasto;

Imagem 13


Depois de iniciada a curva, a asa externa à curva estará voando um pouco mais rapidamente que a asa interna. 

Por isso, a sustentação será ligeiramente maior na asa externa, tendendo a aumentar demasiadamente a inclinação das asas.

Para compensar esse efeito, o piloto deverá aplicar levemente os ailerons no sentido contrário a curva.

Imagem 14

ESTOL EM CURVA

A velocidade de estol em uma curva é maior que em um voo em linha reta.

A figura abaixo (Imagem 15 e 16) faz uma comparação entre dois aviões prestes a estolar:


Imagem 15


Imagem 16

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