terça-feira, 22 de julho de 2014

AERODINÂMICA E TEORIA DE VOO -> Capítulo XIX - Parafusos



CAPÍTULO 19 

PARAFUSOS



A figura abaixo (Imagem 1) mostra o avião sendo manobrado para entrar em parafuso.

Inicialmente, o piloto reduz o motor à marcha lenta e ergue gradualmente o nariz do avião.

Este perde velocidade e quando está prestes a estolar, o piloto pressiona um dos pedais o fundo, fazendo o avião derrapar.

A derrapagem faz uma das asas estolar. Essa asa desce e o avião entra em parafuso.


Imagem 1



O parafuso pode também ocorrer acidentalmente. Isso acontece quando o avião entra em estol assimétrico, sob influência de um dos fatores seguintes:


  • Torque do Motor - Quando o avião está próximo ao ângulo crítico, o torque do motor tende a girar o avião no sentido contrário ao da rotação da hélice. Este efeito é muito mais pronunciado quando o avião entra em estol "com motor", ou seja, sem que a potência esteja reduzida.
  • Asas com Incidências Diferentes - Para compensar a influência do torque do motor em voo de cruzeiro, o avião pode ter sido fabricado com incidências diferentes nas asas. Entretanto, isso não corrige o efeito do torque no voo próximo ao estol; pelo contrário, acentua-o ainda mais, porque a asa com incidência maior estola antes da outra, podendo dar início a um parafuso.
  • Curvas - Durante uma curva muito inclinada, o piloto deve tomar cuidado para não entrar em estol. Se isso acontecer, o avião estará com excesso de inclinação e pouca sustentação. A glissada resultante e o efeito de diedro farão o avião entrar em parafuso girando no sentido contrário ao da curva.


RECUPERAÇÃO


Para fazer a recuperação de uma parafuso, o piloto deve primeiramente interromper a rotação, pressionando a funco o pedal do lado contrário ao da rotação.

A seguir, deverá sair do mergulho, puxando progressivamente o manche, para evitar o estol de velocidade.

Os parafusos não oferecem perigo ao avião, exceto quando ocorrem próximos ao solo.


PARAFUSO CHATO

Após dar algumas voltas em parafuso normal, os aviões de cauda pesada acabam erguendo o nariz, tornando o parafuso "chato", conforme mostra a figura abaixo (Imagem 2). Se isso acontecer, a recuperação através dos comandos de voo torna-se impossível.

Entretanto, em alguns aviões o piloto ocupa normalmente o assento traseiro quando voa só, nesse caso, ele pode mudar-se para o assento dianteiro, a fim de deslocar o centro de gravidade para a frente.

Com isso, o avião baixará o nariz, voltando ao parafuso normal, que possibilita recuperação conforme procedimento descrito no item anterior.

 
Imagem 2



Durante o parafuso chato, o avião desce girando em torno de si, no sentido vertical.

Portanto o ar escoa praticamente a 90º em relação ao eixo longitudinal do avião.

Isso cria fortes turbulências que tornam o profundor e o leme totalmente ineficazes para recuperar o avião do parafuso.

Por outro lado, essas mesmas turbulências criam forte arrasto, diminuindo consideravelmente a velocidade de descida do avião.


Imagem 3

O parafuso chato é sempre acidental, isto é, depende das características do avião e não dos comandos do piloto.

Portanto, quando não se tem certeza sobre a possibilidade do avião entrar em parafuso chato, é necessário iniciar a recuperação imediatamente quando ele entrar em parafuso normal, a fim de impedir um possível "achatamento"


O parafuso é também chamado auto-rotação porque, uma vez iniciado, o avião mantém a rotação por si só.

Mesmo em um parafuso normal, a velocidade do avião é moderada, por que uma das asas está estolada, provocando grande arrasto.

Todavia, quando a rotação é interrompida para iniciar a recuperação, cessa o estol (e o arrasto devido à turbulência), e a velocidade do avião aumenta rapidamente.

Por esse motivo, a recuperação do mergulho deve ser iniciada sem demora mas, conforme vimos, com a necessária suavidade.

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